terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cartas,


Dear John,
 Eu digo FIM.
Peço que vá embora e suma. É, busque outros rumos, longe de mim.
Cansei de tanto sofrimento, de ficar me martirizando por alguém tão banal. Essa é a hora que eu canso, o jogo acaba e as lágrimas secam. Sem olhar para trás, sem uma gota sequer de esperança eu peço que vá embora da minha vida. Leve consigo tudo que um dia foi belo entre nós, eu não quero lembranças. Eu não quero você. Não mais. Você tornou-se uma página virada, um pedaço do passado que me condena. Preciso respirar novos ares, enxergar mais sorrisos, receber novos abraços que não são seus. Eu preciso viver. E sem você.
Não fique triste, em algum lugar no tempo alguém a de sentir piedade e lhe dar amor. Não como lhe doei, afinal, ninguém amará como eu te amei. E ninguém está disposto a sofrer como sofri. E como diz Caio Fernando Abreu "Foda-se, e sem vaselina." porque agora, eu quero viver.

Até nunca mais, Catherine.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal



As luzes da cidade estavam todas acesas. As crianças brincavam na rua com seus presentes.
Era natal.
A felicidade caminhava pelas ruas, abraçava as pessoas e as faziam sorrir. Eu queria participar daquela felicidade. Eu queria abrir a porta e ir a rua contemplar com aquelas pessoas tão felizes.
Eu queria.
Mas eu tinha de me sentir privilegiada. A felicidade já tinha feito seu papel comigo, naquele Natal eu ganhei o mais belo de todos os presentes, o que eu mais almejava.
Eu ganhei você.
Portanto, abrace-me, beijei-me e me tome por inteira. Porque você é meu presente e eu sou o seu.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma dose de afeto.

Lembram-se quantos olhares? Quantos momentos ?
E cada sorriso? Lembram-se?
Quantas alegrias, quantas decepções. Quantos abraços. Tudo tão forte, tão verdadeiro. Coisas pequenas que eternizavam momentos. Que geravam laços, mesmo que invisíveis. Nada nos fazia tão felizes quanto a companhia, a cumplicidade. A necessidade.
Mas como já disse o poeta "O pra sempre, sempre acaba." . Mas este não é o nosso 'sempre acaba'. Este é o nosso começo, a nossa segunda fase. A fase da verdadeira necessidade.
A fase do sorriso mais alegre, do abraço mais sincero, da palavra verdadeira e da amizade.
E eu afirmo de cabeça erguida. Porque eu sei que é amor. E não peço nada em troca.


(Texto dedicado á pessoas especiais, essenciais.)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Num corpo só.

A suavidade dos movimentos, a veracidade do desejo; o sabor ardente do beijo e a maciez da pele. Tudo num só. Tudo tão rápido. Tudo numa troca suave de olhares e uma dose da pimenta da paixão. Sabores se misturam, desejo a flor da pele, cheiro. Olhares ardentes, bocas mudas, um extinto animal. Os corpos se entrelaçam fazendo amor, fazendo amar.


sábado, 27 de novembro de 2010

Cecília.

Era sábado, ela abriu os olhos com um objetivo diferente. Não ía passar mais um sábado recordando momentos através de fotografias e escrevendo versinhos e cartas que jamais seriam entregues. Sábados eram dias completamente nostalgicos na vida de Cecília. Não tinha tempo para recordar na semana. Portanto, deixava o sábado para 'sofrer'. Ela sabia que a partir daquele sábado tudo seria diferente. Então levantou-se e foi logo jogar tudo aquilo que a fazia sofrer no lixo. Junto aos objetos, deixou que os pensamentos e sentimentos sumissem também. Logo quis sair para a rua para provar sabores, olhares, sorrisos diferentes. Ela saiu. E na porta encontrou ele, o motivo de toda sua decepção e crise em sua porta pedindo perdão.

domingo, 21 de novembro de 2010

Let it be.

Tudo ficou tão evasivo. Daniel já não olhava mais em meus olhos com a ternura que eu desejava. Não era a mesma coisa. Sonhos, desejos, vontades... Sumiram. Caíram no marasmo. E mais uma vez eu descobri que vivi intensamente um relacionamento onde só eu sentia algo. Prefiro 'deixar estar', pois se tivermos de ser 'um' intensamente, seremos. E ele descobrirá que além de anjo, meu anjo, ele poderá ser meu amor.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Eu quis.

As palavras se tornaram vazias. Sentimentos inexistentes. Entre eu e você, distância.
Para onde foram os desejos ? E os anseios? Lembra tudo que planejamos juntos ? Para onde foi ?
Não sei, não sei.
Eu já não consigo olhar nos seus olhos e enxergar um futuro, um amor. Vejo solidão, vazio. Não me vejo mais.
O que aconteceu eu não sei;
E nem o que quero mais apartir de hoje, agora.
Só sei que um dia quis você.

domingo, 24 de outubro de 2010

Última carta

E é neste imenso vazio que coloco minhas palavras que não atingem a quem devia. Que não passam de balelas, sentimentos, utopias.
E o cansaço me invade, faz-me desistir. Parar.
Conformar-me com a realidade. E apagar a tatuagem que fizeste em meu coração. Ficará a cicatriz, e será só mais uma cicatriz.

[Patrícia Vidão]

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Muito além da janela

O dia estava ensolarado, ela o espiava pela janela de seu quarto. Ele estava lindo, pensava. Ao vê-lo, inúmeros sentimentos invadiram corpo e mente. O maior desejo daquela mulher era pular nos braços de seu amado e ali mesmo na avenida dar-lhe beijos calorosos, seus melhores beijos. Ela estava apaixonada. Mas, aquele rapaz, dono de todo seu amor e desejo, nem imaginava que ela estivesse ali, naquele lugar, naquele momento. E só restava então a ela imaginar, se ele a visse ali, qual seria a reação dele, o que aconteceria?

domingo, 10 de outubro de 2010

Por que tantas queixas? Por que reclamas tanto dos antigos amores? 
Sente-se a vontade para contar dos disprazeres de sua vida logo para mim ?
Não percebeu o quanto o admiro, o quanto te quero bem ?
Não notou o quanto me machucas ao contar todas as suas paixões?
Note, porque no fim não é somente você com suas memórias e suas cicatrizes.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Regresso

Eu desejo tanto que voltes. 
Que venha de qualquer jeito, que volte chorando pelas decepções da vida, que volte sorrindo...
Só peço que volte. Pode ser que demores. Pode ser que já esteja a caminho.
Eu espero o tempo que for. Dede que regresse e venha ocupar um lugar que é teu. Ele esteve por todo este tempo vazio. A tua espera. 
Portanto, volte!
Não olhe para os lados, venha sempre em frente. No final do percurso estarei te esperando.
Só peço que ao voltar, traga contigo meus sentimentos e junto a eles a rosa que lhe atirei ao ir embora. E quando por fim me encontrar, solte aquele sorriso bobo, me abrace e me convide para mais uma vez amar.

[Patrícia Vidão]

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ausência.

Lá fora a chuva cai...
Aqui dentro as lembranças veem á tona. O vazio da casa, a ausência de alegria e a falta de vontade de mudar. Não sei o que acontece, só não quero mudar. O vazio me consome, a nostalgia entra e bate a porta e as lágrimas permitem que cada sentimento ruim faça morada. As perguntas as serem feitas ao me ver não é 'O que houve?' 'O que há?' e sim, O que falta?


[Patrícia Vidão]

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Mil acasos.

E tudo aconteceu tão rápido. Uma troca de olhares, um sorriso, um beijo e ele já tinha a chave da casa e do coração.
O amor havia chegado, batido a porta daquela mulher. Mas da forma como ela nunca planejara. O acaso. Ela iria esperar pela ligação dele no dia seguinte. Ela queria mais. E ela esperava sentada em sua varanda o toque do telefone diariamente. Mas uma dúvida iria carregar consigo para sempre : Quais maravilhas a esperavam se ela não tivesse se protegido tanto.



[Patrícia Vidão]

domingo, 3 de outubro de 2010

Uma nota.

Um quarto, uma mulher, um sentimento.

Ela estava deitada em sua cama segurando contra o peito uma fotografia. Dos olhos, lágrimas desciam. Do coração, saudade pulsava. Dos pensamentos, os mais complexos questionamentos. Dos lábios, silêncio.Vegetava em seu íntimo. E se deixava dilacerar pela culpa.
Palavras não ditas, sonhos não realizadas, planos que não sairam da mente. E agora, iam embora levando com eles o sorriso, a alegria daquela mulher.
Ela fora abandonada. 
E ninguém mais além dela tinha culpa naquela situação. Ela sabia que errou demais. Errou por colocar sentimentos na história.



[Patrícia Vidão]

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Clarice;

Folhas amareladas, textos mal escritos. Nostalgia.
Tudo sem muito sentido, muito abstrato faz-me recordar Clarice.
Os dias de primavera, com o parque completamente coberto por flores de todas as cores lembra-me seu olhar.
A tanto tempo não vejo Clarice. A tanto tempo penso nela.
Onde andarás Clarice?
Escrevendo marchinhas de carnaval ? Participando de grupos subversivos?
Como estará Clarice?
Lembra-se de mim?  Ainda lembra o tom de minha voz cantando o amor a ela?
Clarice, lembra-se de meus versos escritos em seus cadernos de folhas coloridas?
E meus sorrisos, que tanto elogiava. Lembra-se ?
Por onde andas? Para onde vais?
Onde está Clarice?
São 'tiros' no escuro. Sem direção, sem saber onde irá atingir. E se atingir por favor, acerte Clarice. 


[Patrícia Vidão]

domingo, 26 de setembro de 2010

A nossa canção

Por mais massante que seja, escuto nossa canção diariamente. Ao ouvi-la recordo cada momento ao teu lado, cada carta enviada, tuas palavras em meus ouvidos juntas a 'nossa música'.
Tudo isso me faz acreditar que fui feliz ao teu lado. Muito feliz.
No embalo da canção permito-me viajar, sonhar.
Flutuo nesse mundo imaginário. Viajo na nostalgia.
Quem me dera viver de sonhos. Nesse sonho.
Porque aí teria você, nossa canção, nosso amor para sempre comigo. E quem sabe, viver não seria mais tão massante.


[Patrícia Vidão]

Maybe this Time

E quem sabe desta vez terei sorte. Deixarei de ser figurante a passarei a ser a atriz principal.
Quem sabe desta vez eu o olharei de uma forma diferente;
Quem sabe desta vez eu amarei menos. Viverei mais;
Quem sabe desta vez serei feliz.

Tudo soa ao meu favor. Nenhuma contradição, nenhum medo.

O que me falta é você. E quando chegares eu peço que seja doce. Porque este, é meu tempo.


[Patrícia Vidão]

terça-feira, 14 de setembro de 2010

I Need

Perco-me em cada sorriso teu. Teus abraços quentes me trazem paz. É dificil assumir mas, eu preciso de você.
Cada dia mais.
Abraça-me com fervor. Faça-me de teu travesseiro, deleite-se em mim, em meu amor.
Nunca dei sorrisos semelhantes aos teus. Disse palavras de carinho, demonstrei minha paixão.
Mas no fundo você sabe, eu preciso de você.
Cada dia mais.
Dê-me uma única oportunidade de demonstrar meu amor. Do meu modo. 
Permita-me amar-te para sempre, como eu quero. Afinal,
Eu preciso de você, cada dia mais.


[Patrícia Vidão]

domingo, 12 de setembro de 2010


Ela olhava pro além e imaginava o que poderia estar acontecendo na correria da sua cidade. Ela estava 'praticando o nadismo' a muitos dias, meses.
Procurara um refúgio como forma de carregar suas energias positivamente. Não só, ela queria esquecer o que fizera.
Suas atitudes sempre foram muito impulssivas. Ela sempre falara tudo que lhe viera na cabeça, agiu sempre como quis. Ela sonhava. 
Não só, ela queria.
Mas queria de uma forma diferente, sem clichês. Ela queria da sua forma.
E por inúmeras vezes ela quis demais. Sonhou demais.
Não era certo agir como agiu. Tinha ciência. 
Mas já havia acontecido. E não haviam possibilidades de retroceder. Retrocessos nunca fizeram parte de sua vida. Ela sofria e fazia sofrer. 
Ela era humana. Humana que errava demais.


[Patrícia Vidão]

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A princípio, o dono dos meus sonhos.
Arrancava sorrisos de meu rosto e sentimentos profundos de meu coração. Recitava poemas e cantava minha música preferida.
Fazia-me sonhar a cada suspiro. 
Mas nunca me entendeu. Nunca soube o que passava em meu coração. Não sabia dos meus sentimentos. 
Não me conhecia.
 Queria poder ser realmente frigida como disseste. Mas infelizmente minha missão é ser como sou, Alice.
Uma eterna 'sofredora', uma eterna apaixonada. 
Uma eterna utópica.




[Patrícia Vidão]

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Conjugar.

E na minha ânsia de acertar, de manter meu controle te deixei partir.
Eu queria fazer tudo certo. Apenas não começar pelo meio e fingir-me feliz mais uma vez. Queria tornar-me plural. Queria junto a ti conjugar o verbo amar. Queria não me decepcionar. E não decepcionar-te. Caí em meus erros. Afundei-me em meu mar de medos. Meu mar de erros. E te deixei partir. Você, nossa nau¹ e meus sonhos.
Talvez tenha sido egocentrismo. Talvez, necessidade.
Não sei.
Estamos á deriva, esperando um socorro. Estamos longe do cais. E só temos um ao outro. Mesmo que distantes.


[Patrícia Vidão]

Silêncio das estrelas.

Observo as estrelas.
Toda noite. Uma a uma.
Estrelas são sempre tão belas. Tão perfeitas. Tão inatingíveis.
Elas sempre teem algo a dizer.Por mais que seja em seu silêncio.
Faça chuva, faça sol. A noite cai e elas estão lá. Brilhantes, felizes.
Literalmente acima de tudo e todos.
Tão sós, tão juntas.
...
Estrelas são sempre tão estrelas.




[Patrícia Vidão]

domingo, 29 de agosto de 2010

-

"Para exprimir sentimentos não é nececessário fazer uso de palavras complexas, utilizar metáforas ou até mesmo fazer uso do tão temida ironia.
Felicidade, amor, saudade e até mesmo ódio são sentimentos que merecem ser tratados com respeito e não só, mas simplicidade.''


Era uma tarde de Outono. As folhas caiam na janela do quarto de Clarice. Ela lia um livro de romance. Romances em geral lhe agradavam, era uma moça apaixonada. Mas, nunca conhcera o amor de sua vida. Sonhava com este momento. E esperava pelo amor.
Virava as páginas de seu livro com sede de saber o final daquela história que tanto lhe chamou atenção. Já não tinha tempo para as tarefas a uma semana, pois dedicava a maior parte de seu tempo ao livro. A história realmente era fascinante.  E naquela tarde de outono ela estava lendo o tão esperado último cápitulo. Lia cuidadosamente cada página e ficava encantada com cada parágrafo. Até que chegou a última página e leu o último parágrafo, esse último paragrafo a deixara com uma ponta de remorso. Ele dizia : " [...]Enquanto Catarina chorava, lia e se entregava a solidão, o amor de sua vida partia para nunca mais voltar. Ela esperava o amor, e ele, o amor, esperava por Catarina. Mas ela não percebera isto a tempo de trata-lo com a simplicidade que ele necessitava e merecia. Por este motivo, Catarina morreria sozinha."
Clarice fechou o livro, foi até a janela e começou a pensar...


[Patrícia Vidão]

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Silêncio.

Estava sozinha, não tinha tanto tempo assim. Nem sentia a falta de um certo alguem ao seu lado.
Os ultimos que estiveram ao seu lado não deixaram nada além de feridas. Feridas essas que não curavam com o tempo. E todos ao redor pensavam que sorrisos recheados de sarcasmo e com pontas de ironia iria tira-la do sofrimento e romper com a dor.
Nada disso era útil. 
Quantos sorrisos cheios de amor ela disperdiçou ? Quantos abraços com ternura ela deu em vão ? Ninguém pensava nisso ? 

Era de fato necessário sorrir quando o melhor remédio é trancar-se no quarto com seu café e seus pensamentos ?
Ela acreditava que nada melhor que o silêncio e o vazio para cura-la. E decidiu que o melhor era recolher-se quem sabe por um tempo, quem sabe para sempre. E ficar longe de tudo que não a acrescentava.




[Patrícia Vidão]

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

treze

Estava descalça, sentia os pés congelarem ao caminhar. Era inverno.

Sexta 13. Levantou cedo para sair. Talvez não tivesse um trecho a seguir. Apenas quis sair.
Caminhou horas e horas em busca de algo.
Não levava nada consigo, apenas sua alma ferida.
O vento forte batia em seu rosto, os pés já estavam vermelhos e doloridos. Mas não, ela não queria parar. Estava fugindo? 
Eis a questão que nem ela saberia responder.
Sua alma estava ferida, seu coração em pedaços... Mas nada justificaria aquela atitude. 
Ela já sofrera por amor algumas vezes, mas nunca teve estas atitudes. 
Não, não era por amor.
Definitivamente não.
Ela caminhava sem destino para quem estava vendo. Para quem não a conhecia.
Mas ela sabia sim para onde ía e o que buscava com tanta pressa. E sabia a importância do que iria buscar.
Ela saiu para buscar sua felicidade e um gole de café.


[Patrícia Vidão]

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Quase.

A muito tempo eu me questiono sobre a minha existência. O porque de estar aqui. Quem eu sou.
Raramente encontro respostas. Afinal, tudo é muito relativo. 

Não entendo o sentido de amar e ser amado, o sentido de sorrir e depois chorar. O sentido de abraçar e depois ter desprezo. Só sei que na vida tudo é muito complexo, tudo muito misterioso. 
Enquanto isso, vou vivendo. Amando, chorando,sorrindo, abraçando e questionando.

E chego a conclusão de que sou um quase tudo. Ou um quase nada.

[Patrícia Vidão]

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fragmento.

Os relógios marcavam três e cinquenta da manhã. O vento batia na janela levando a cortina e trazendo estrondos. Barulhos que chegavam a assustar-me. Levantei-me, caminhei até a janela, olhei para fora e tudo parecia normal para aquela hora, tudo vazio. Vazio esse que não era só na rua, na madrugada. Um vazio que era meu também.
Ao olhar para a rua e ver que ninguém, absolutamente ninguém estava lá fora, fiz um paralelo com minha vida. E vi que ninguém, absolutamente ninguém estava comigo. Eramos apenas nós. Eu, solidão e a rua. Eternamente vazias.


[Patrícia Vidão]

sábado, 17 de julho de 2010

Saturday

'Bom dia querido! Levante-se vamos sair, passear, viver!''
Assim acordou-me Alice naquela manhã ensolarada de sábado. Eu estava confuso, pois Alice jamais me acordou numa manhã de sábado convidando-me para passear. Ela aparentava tanta felicidade que não ousei dizer não.
Levantei-me meio desnorteado e notei que ela já estava pronta como quem fosse passar o dia na rua, passeando como uma turista. Já segurava sua bolsa, óculos de sol e um grande chapeu. Não deixei de notar como ela estava linda. Uma beleza inexplicável. Que eu não havia notado antes. 
Saímos do nosso prédio e perguntei a ela onde íamos e ela com um sorriso lindo no rosto respondeu-me 'para onde o vento nos levar meu amor.', a princípio achei estranho, mas sabia que dentro daquela cabecinha havia uma rota pronta. Confiei em Alice, segurei sua mão e saímos pela cidade. 
Realmente o dia estava lindo como ela dissera, os pássaros da praça nos rodeavam, Alice a todo instante pedia que eu a fotografasse. Em cada parada centenas de fotografias. Essa foi mais uma coisa que achei estranho ora, ela nunca gostara tanto de fotografias. Não ousei questionar eu já ate imaginava sua resposta. 
Após tantos lugares visitados, tantas fotografias, tantos abraços e beijos. Paramos diante uma torre famosa de nossa cidade e observei Alice, ela aparentava cansaço porém não tirava aquele lindo sorriso da face.Brincava com os pássaros e dava 'cambalhotas' na grama, gritava meu nome chamando-me para participar daquele momento eu obviamente recusava. Em certo momento Alice aproximou-se de mim e não resisti, perguntei o por que de tanta euforia, tanta sede de viver. Ela fitou-me e disse 'Meu amor, o que você faria se hoje fosse seu último dia?'.




[Patrícia Vidão]

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Parágrafo.


Querido John,
Sentia imenso prazer ao te ver sorrir, ao sentir teu lábio tocar meu rosto, teus braços envolverem meu corpo com um abraço quente e recheado de desejo.
Estas eram as sensações que eu tinha ao ter você ao meu lado. Porém, os sentimentos e as sensações não eram recíprocas. Você estava ao meu lado apenas para caçoar de minha ingenuidade. Foi algo doloroso passar pelo que passei, entregar meus sentimentos mais sinceros a um alguém que sequer sabe o que é o amor. Alguém que jamais sentiu este sentimento tocar sua alma, envolver seu coração. Alguem que só Deus sabe se tem coração.
Mas minha alegria é imensa, a saber que com a vida aprendemos. E se essa foi a minha vez, a sua chegará, sem aviso virá. 

Abraços, sua Jane. 



[Patrícia Vidão]

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pequeno pássaro

Tinha uma carreira perfeita. Conhecida mundialmente, fotógrafos, jornais todos aos seus pés. Todos os homens do mundo a desejava. Um talento sem igual. Cantava como um pequeno pássaro cantarolava nas manhãs ensolaradas de sábado.  
Para o mundo era uma mulher feliz possuía automóveis e imóveis de alto custo. Era objeto de inveja para todas as mulheres do país. Mas essa nunca fora a carreira que sonhara.
Desde criança seu sonho era constituir uma família e ser feliz ao lado de seu amor até a morte. Mas o destino pregou-lhe uma peça e fez com que ela transforma-se naquela mulher.
Apesar de ter tudo e todos aos seus pés ela era infeliz. Sentia inveja ao ver nas ruas mulheres levando seus filhos para passear e saber que nunca poderia ter aqueles hábitos. Não tinha tempo para filhos, família, relacionamentos.Sua vida resumia-se a viagens, shows. O único tempo que tinha para sonhar com um futuro que ela escolhera era na hora de dormir. Dormia tarde por dedicar grande parte de suas madrugadas a suas utopias. Estava ciente que eram apenas sonhos e que não iria realiza-los. Não nesta vida.
Certo dia convocou uma coletiva de imprensa e decidiu dar fim em sua carreira. O mundo abismou-se com aquela decisão. Ela não explicou os motivos concretos para o abandono de sua vida artística.
Foi então que viajou para França em busca de paz. Em seu segundo dia na cidade de Paris, foi até a Torre Eiffel levando consigo uma caixa a qual guardava todas as suas lembranças de infância. Seus diários, seus recortes. Sentou-se em frente a torre e colocou-se a ler tudo que escrevia. Pegou-se chorando de saudade. Chegou a conclusão que não seria feliz nesta vida. Abandonou a caixa ali mesmo em frente a torre e saiu caminhando para o hotel. Lá, tomou remédios e dormiu. Um sonho profundo e eterno.

domingo, 11 de julho de 2010

"Minh'alma esta farta de tanta desilusão. De amores impossíveis, desejos insaciáveis e beijos nunca tidos."
Era esta a frase que dizias diariamente para convencer-me a entrar no teu jogo. Sabias que ninguém resistia ao teu poder de sedução. 'BANDIDA!' 
Levavas qualquer ser a perdição, induzia qualquer um ao erro com apenas um olhar. Todos caíam de desejos por ti e feliz daquele que conseguisse ao menos tocar teu rosto.
Brincavas com meus sentimentos mais sinceros. Esnobava-me por não conseguir saciar-te. Óh como sofri em tuas mãos. Como chorei noites solitárias por saber que nunca fui o que tu querias e jamais seria os homem de tua vida. Tu, uma 'mundana' irias apaixonar-te por um verme que mal tinha onde dormir. Tinhas mais apreço por um animal de rua que por meus beijos. Cada segundo ao teu lado era uma batalha, aceitava cada ofensa tua por amor. Apenas por amor. Mas sofri demais, e agora é minha vez de falar-te que minh'alma esta farta de tanta desilusão. De amores impossíveis, desejos insaciáveis e beijos nunca tidos. Porque tu, jamais fora a pessoa certa para mim.





[Patrícia Vidão]

domingo, 4 de julho de 2010

Ela estava cansada daquela vida medíocre. Do marido bêbado, das dívidas e das cobranças familiares. Ha 10 anos ela levava aquele casamento infeliz. Nunca fora a mulher mais feliz do mundo. Sofria de uma doença rara que a consumia mais e mais a cada dia. Não tinha filhos. Nem queria. Achava que as preocupações que o marido trazia para ele diariamente já era demais. Sofria calada, e se odiava a cada minuto por não ter feito diferente. Se odiava por ter escolhido o homem errado, por sofrer calada,por não ser feliz. Culpava-se diariamente. E desejava morrer a cada dia que ía ao médico e enfrentava uma série de exames. Desejava morrer também cada vez que o marido abria a porta e lançava aquele olhar fulminante revestido de ódio e desejo. Era obrigada a ser mulher não só em casa, mas na cama para um homem bêbado e completamente agressivo.Chorava diariamente sua vida de desgraças. Sempre sonhou em ter uma profissão.Mas sua doença a impedia de exercer qualquer função. E o marido tinha ciumes afirmava diariamente que 'mulher dele não precisava trabalhar.'.Mas ela sentia essa necessidade. Porém, não podia. A única coisa a qual ela não era proibida era sonhar. Sonhava sozinha em seu quarto. Voava em seus pensamentos e vivia perfeitamente feliz no 'seu mundo' no mundo dos seus sonhos. Mas quando acordava tudo voltava como uma tempestade. Os exames, a falta de amor do marido, as dívidas. E então, a mulher triste e infeliz toma conta novamente. Certo dia ao acordar, ela abriu as janelas e prestou atenção no brilho do sol como nunca prestara antes.Foi então que decidiu arriscar, vestiu seu melhor vestido, arrumou-se toda. Abriu a porta do apartamento e saiu. Sentiu-se como um pássaro libertado da gaiola. E saiu sem destino.


[Patrícia Vidão]

sábado, 3 de julho de 2010

.

Era uma noite fria. Ele estava sentado diante o mar. Sentia o vento gelado bater em sua face como se estivesse agredindo. Sentia também lágrimas geladas escorrerem pelo rosto. Elas ardiam. Mas não maltratavam tanto quanto a dor que ele sentia em seu coração. Ao ver cada onda quebrar no mar, sentia como se parte de seu coração quebrasse também. Ele estava só. E se arrependia muito do que fizera a horas atrás. Como poderia agir tão brutalmente? como poderia ter mentido por tanto tempo? como conseguira ser tão falso?. Ele não possuía as respostas para todas aquelas perguntas. Ele estava arrependido. Mas nenhum arrependimento poderia mudar o trajeto de sua história. E não restava mais nada a fazer apenas olhar o mar, chorar e chorar. Ele não sabia o rumo que sua vida iria tomar depois daquele dia. Como seria no trabalho, com a família e ate mesmo consigo. Ele estava verdadeiramente preocupado com o que aconteceria com sua vida depois daquele dia. Talvez este momento fora o único de sua vida que ele tinha uma preocupação verdadeira. Foi então que ele olhou para o mar fixamente, levantou-se e saiu. Caminhando sozinho...



[Patrícia Vidão]

sexta-feira, 2 de julho de 2010

-

"-Não poderiamos ter feito isso." Repetia pela décima vez o rapaz desesperado. Enquanto Clarice estava sentada na grama com seu vestido cor creme e sapatos de boneca aos prantos. Ela sabia que não poderia ter feito aquilo, mas sabia também que se não tivesse feito morreria só de desejos . Diante daquele cenário não havia mais saídas. O rapaz de nome Jan, caminhava de um lado para o outro como um louco gritava e pedia ajuda aos céus. Clarice fitava-o com atenção com seus olhos grandes do tamanho da lua e chorava, chorava. Jan estava convicto dos riscos que não só ele mas Clarice estavam submetidos caso ele decidisse falar com a família. Era uma alternativa fora de cogitação. O casal praticara um crime imperdoável e caso alguem descobrisse estavam mortos. Os dois jovens não pensavam em crime quando sentiam um corpo tocar o outro, quando lábios se encontraram e deram lugar ao desejo, quando a chama da paixão acendeu e um incesto aconteceu. A noite foi caindo e os dois continuaram onde estavam, confusos e sem nenhuma solução.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Espero que o tempo passe.

 Rio de Janeiro, 1985
Tudo se inicia com teu fim. Não foi o adeus na forma que mais desejavamos. Mais estavamos juntos na saúde e na doença na alegria e na tristeza. Mas e agora? e na minha tristeza, quem está comigo? Quem estava ao meu lado ao ver seu caixão descer sem que eu pudesse ao menos impedir aquilo? Quem vai secar minhas lágrimas? Não tem ninguém.
Saindo daquele lugar terrível onde te deixei fui para nosso lar. Tudo estava tão calmo a tua espera. Cada detalhe como tu deixara. E negava-me a mudar. Eu precisava de cada coisa, cada detalhe que me fazia lembrar de você. Seu perfume no frasco, sua escova na penteadeira, seu vestido no armário, seu travesseiro ao meu lado.Nossos amigos me ligavam, me chamavam para sair mas eu negava e dizia que precisava de um tempo só. Mas já faziam seis meses que essa minha solidão caregada de tristeza me acompahava. Nada mais me importava pois eu não tinha mais você. Larguei o trabalho, os amigos para ficar em casa e lembrar de você. Assistir nossos vídeos, ver tuas fotos, ler teus livros e até mesmo usar teu perfume como forma de te ter em mim. Eu não conseguia digerir a ideia que tu tinha morrido sem ao menos poder dizer-me "adeus". Também não consigo perdoar-me por não estar ao teu lado naquela hora, na tua última hora entre nós. Não consigo ver o brilho do sol sem que lembre dos teus olhos, a lua me causa inveja só pelo fato de estar mais próxima de ti. Não vivo mais.Não enxergo a necessidade de viver sem tu ao meu lado.


Portugal, 2008

23 anos depois, ao ler nessas páginas amareladas os textos que escrevia para ti sinto imensa pena daquele 'eu' que perambulava dentro daquela casa.Os anos passaram, pessoas surgiram e livraram-me daquele infinito particular que criei. A vida mudou depois que uma delas, chamada Janice veio a mim . Esta ajudou-me, escutou cada desabafo com palavras repetidas e aproximou-se de mim como jamais pensei. Hoje, ela é minha esposa, sinto grande apreço por ela. Temos uma vida boa. Mas o que Janice e o mundo sabe é que o grande amor da minha vida foi/é tu. Não importa aonde tu estejas e não importa o tempo que levará para nos encontrarmos. Só quero que saiba que eu amo você.




[Patrícia Vidão]

terça-feira, 29 de junho de 2010

a lot of pain

Brasil,1968
O cenário desta minha narrativa é o DOI-CODI para quem não sabe é um orgão de repressão. Meu nome é Eva tenho 19 anos e estou presa a dois meses. Todos os dias sofro um tipo de tortura.Fico numa cela juntamente a dois outros presos políticos como eu, João e Claúdio. João foi preso na UnB em Brasília e trazido para cá pois alegavam que ele era perigoso. Eu não acho, ele só lutou pelos nossos ideais, e é um rapaz muito inteligente. Claúdio foi preso porque estava na missa de Édson, os policiais prenderam o coitado e o trouxeram para cá. Por ser o mais tímido, mais calado. É o que mais sofre tortura. Mas todos nós sofremos igual só pelo fato de estarmos aqui. Durante esses dois meses de chumbo diga-se de passagem, formulamos um plano para sair daqui e lutar junto aos nossos lá fora.Claúdio evita muito em participar, pois tem muito medo dos militares. Nosso plano tem tudo para dar certo e será executado no dia 26/06/1968 (passeata dos cem mil). 


Brasil 2009

Ao ler esse diário, a única coisa que me restou além das cicatrizes, sinto imensa saudade dos meus anos de chumbo. Foi um ano dolorido, triste e de revoltas. Porém, foi neste ano, naquela cela daquele lugar terrível que conheci Cláudio. Falo pouco dele nessas páginas que contam minha vida. Mas em meu coração tenho a lembrança de cada sorriso tímido e cada lágrima arrependida dele. Apesar de estar naquele lugar sendo considerada uma mulher perigosa para a sociedade, eu tinha um coração dentro de mim. Um coração que para mim só iria bater para a revolução. Mas não, enganei-me profundamente ao ver aquele rapaz bonito e de poucas palavras entrar naquela cela. Ele sofria muito, e como dissera, sofreu as mais terriveis torturas sem ter culpa em nada. Chorava muito. Opinava sem se quer sair uma palavra de seus lábios feridos. Sorria para mim com um olhar. Eu na frente de João achava-o um bobo. Mas dentro de mim um coração batia forte por aquele rapaz. Foi então que chegou o dia 25/06/1968 a véspera de nossa fuga. Estava tudo pronto, bastava colocarmos o plano em prática. Tudo fora estudado, cada movimento, cada olhar. Tudo iria acontecer na hora da tortura.Antes que tudo acontecesse cheguei perto de Cláudio -que estava com muito medo mas decidira que iria conosco- para conversar, tentar acalma-lo ele ouviu cada palavra que saía de minha boca e me disse "Eu não quero ir, tenho medo. Mas vou por você. Só por você.Agora não desgruda de mim." aquelas palavras entraram nos meus ouvidos como os gritos que davamos em protestos, soavam como música. Apartir daquele momento ele estava ao meu lado. O plano foi posto em prática, conseguimos sair com muito sacrifício acompanhado de medo. Passamos a noite numa mata escondidos. Se fossemos pegos, seríamos mortos. Ao raiar do dia, seguimos para a passeata. Tomando todo cuidado para que não fossemos vistos por policiais afinal, eles estavam em todo lugar. Chegando perto da concentração da passeata, dois policiais vieram ao nosso encontro, João e eu passamos despercebidos, mas Claúdio fora surpreendido pelos policiais. Eles pararam Claúdio e pediram um documento de identificação, ele não tinha pois estava tudo preso no DOI-CODI. Foi então que vi quando eles levarem Cláudio pelos braços. E aquela foia última vez que vi o homem da minha vida.




[Patrícia Vidão]

segunda-feira, 28 de junho de 2010

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Era de madrugada, levantei-me sorrateiramente e fui até a janela.La fora chovia muito, mas mesmo assim quis me arriscar e abri a janela. Nesse momento a chuva que antes estava lá fora, invadiu meu quarto como uma multidão enfurecida, molhou-me toda. Fazia um certo tempo que não me sentia tão liberta. Pode até parecer algo banal, abrir a janela, tomar um banho de chuva dentro do quarto. Mas muito pelo contrário, a liberdade estava junta a chuva. E a cada pingo d'agua que tocava meu corpo eu me desprendia de uma coisa que tinha como peso. E uma dessas coisas, era você. Você estava deitado na sala, provavelmente com TV ligada e dormindo com o sono de uma criança cansada não ouviria nada que acontecia no quarto. Haviamos brigado, e esta não era a primeira da semana nem do dia. Sentei-me na cama umida, ainda com a janela aberta, os ventos traziam os pingos de chuva. Acendi um cigarro e pus me a pensar. Pensar em mim, em você, em nós dois. De uma coisa minha mente estava convicta, por mais que eu gostasse de você ainda o tinha como um peso. E de qualquer maneira eu precisava tira-lo de mim. Já não aguentava mais fingir ser feliz ao seu lado,sorrir para todos como um casal feliz. Sendo que dentro de nossa casa mal nos falavamos, e quando falavamos era uma briga que surgia.Não dava. Ainda sentada na cama com o cigarro aceso ouvia o barulho da TV fui até o bar do quarto e peguei um pouco do whisky, era o seu favorito, e fui até a janela novamente. A chuva estava dimunuindo talvez cansara de lavar com tanta furia minh'alma. Comecei a olhar para a lua. Não era a mais bela que já tinha visto. Mas era a que mais retratava o estado do meu coração naquele momento. Foi então que decidi, você teria que morrer. Você não servia de nada para mim, não me amava, não me dava o amor que uma mulher necessitava. Estava decido. Então fui até ao guardarroupa, peguei o vestido de noiva que usei em nosso casamento falso e vesti. Quebrei a garrafa de whisky e peguei parte dela. Caminhei até a sala, avistei você dormindo num sono profundo. Me aproximei de você, toquei seus lábios com os dedos e naquele momento um filme passou pela minha cabeça um flash backde tudo que havia passado naqueles anos ao seu lado. Foi então, que peguei o pedaço da garrafa que estava em minha mão e cravei-o em seu coração.

[Patrícia Vidão]

sábado, 26 de junho de 2010

Lânguida face.

Estávamos no hospital. Tu deitado naquela cama, fraco, debilitado a poucos minutos de deixar-me para sempre. Eu estava convicta de que tu irias morrer. Que nós nunca mais seríamos um casal, que nunca mais sairiamos juntos a caminhar altas horas da noite. Por mais que eu soubesse de tudo isso parte de mim sofria calada e não queria deixa-lo ir de maneira alguma. Parte de mim lembrava de cada sorriso e de cada jura de amor feita num parque de grama verde, lembrava do "amar-te-ei eternamente" que me falavas todos os dias e eu jamais consegui dizer-te o mesmo. Recordei-me também do momento em que tu chegou molhado e deu-me um abraço quente e mais uma vez repetiu tua jura de amor,e eu só consegui dezer-te "saia já daqui!", recordo teus sorrisos compreensivos , teus abraços apertados, tuas palavras amigas e teus beijos quentes que com tanta frigidez eu evitava, mas que no fundo me dava um imenso prazer só que para não parecer tão sensível eu evitava retribui-los. Agora, é tarde demais estou aqui sentada em tua lápide segurando uma rosa que era tua preferida, usando o perfume que tu mais gostava e chorando por ti, o homem que mais amei e jamais disse "te amo" olhando nos olhos.
















[Patrícia Vidão]

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Eu poderia iniciar uma história falando do amor e de todos os meus sofriementos com este antes de conhece-lo de fato. Uma história clichê que começa pelo meio esconde fatos e sentimentos.
A história é a seguinte...
Eram dez da noite, estava frio. Estava sózinha. Decidi sair, ir tomar um café, encontrar pessoas. Mas que pessoas? não possuia amigos nem conhecia ninguém por ali. A única coisa que eu tinha era solidão.
Saí, eu e ela. Sentamos num banco da praça, olhamos o lago,e alí ficamos por muito tempo, foi então que comecei sentir um vazio, uma vontade de ter realmente alguém ao lado para me esquentar com um abraço afinal, a solidão acompanhava, e não só isso, ela também atrapalhava, machucava, dilacerava e a última coisa que ela faria comigo era me acalantar.Senti uma lágrima quente descer pelo meu rosto levemente passava-me uma sensação boa, uma esperança talvez, de saber que dentro de mim ainda batia um coração. Por mais machucado que ele estivesse ele ainda estava ali, ele ainda pulsava. O vento batia no meu rosto e me fazia lembrar tudo aquilo que eu passara.Todas as lágrimas iguais aquelas que derramei.Todos os abraços que sempre esperei e não recebi. Todos os sorrisos que sempre quis receber mas nunca foram destinados a mim.Cheguei a pensar então, que a solidão sempre esteve comigo. Mas tentei lembrar-me de todas as vezes que estive feliz, foi então que tentei por inúmeras vezes lembrar um momento em que me sentia bem, feliz, completa. Foi quando mais uma lágrima caiu e notei que até então não tinha momentos felizes, completos. Foi então que senti uma presença no lugar -era um homem- tinha uma aparência boa, vestia bons trajes e apresentou-se como amor. Deu-me a mão e convidou-me para sair para qualquer lugar longe dali. A solidão demonstrou total desgosto.Levantou-se e saiu caminhando para o nada. Eu ao vê-la saindo sem dizer nada senti certo medo afinal, ela havia me acompanhado por toda minha vida até aquele momento. Mas logo olhei para minha frente e ele ainda estava lá com sua mão estendida a minha espera. Olhei para os lados meio desconfiada e dei a mão. Levantei-me de mãos dadas a ele e saimos. Caminhando, juntos. Nós, eu e o amor. Foi então que descobri que apartir daquele momento eu não estaria mais sozinha. Poderiam faltar pessoas, mas ele sempre estaria comigo.








[Patrícia Vidão]

sábado, 19 de junho de 2010






"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu Deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes pra abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu Deus como você me dói de vez em quando"


 [ Caio Fernando Abreu ]

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Enfim. Cansei de pedir desculpa por quem eu sou. Cansei de ouvir de todo mundo como é que se trabalha, se ama, se permanece, se constrói. Eu tentei com todas as forças amar você e agora sofro com todas as forças pelo buraco que ficou entre o sofá e a planta e o meu coração. Você vai embora e eu vou voltar para as minhas manhãs com o iogurte que eu odeio mas que é a única coisa que passa pela garganta quando o dia tem que começar. Vou voltar para aqueles e-mails chatos de pessoas que eu odeio mas que pagam esse apartamento sem você. E ficar me perguntando de novo para quem mesmo eu tenho que ser porque só tem graça ser para alguém. E que se foda o amor próprio.
Você me disse e me olhou de formas terríveis mas o que sobrou colado em cada parte do dia e de mim é a maneira como você sorri levantando que nem criança o lábio superior direito e como eu gosto de você por isso e por tudo e mesmo quando é ruim e sempre quando é incrível e ainda e muito e por um bom tempo.


Trecho de Buraco- Tati Bernadi

quinta-feira, 27 de maio de 2010

terça-feira, 18 de maio de 2010

And Because Love Battles



(...)
And I in these lines say:
Like this I want you, love,
love, Like this I love you,
as you dress
and how your hair lifts up
and how your mouth smiles,
light as the water
of the spring upon the pure stones,
Like this I love you, beloved.

To bread I do not ask to teach me
but only not to lack during every day of life.
I don't know anything about light, from where
it comes nor where it goes,
I only want the light to light up,
I do not ask to the night
explanations,
I wait for it and it envelops me,
And so you, bread and light
And shadow are.

You came to my life
with what you were bringing,
made
of light and bread and shadow I expected you,
and Like this I need you,
Like this I love you,
and to those who want to hear tomorrow
that which I will not tell them, let them read it here,
and let them back off today because it is early
for these arguments.

Tomorrow we will only give them
a leaf of the tree of our love, a leaf
which will fall on the earth
like if it had been made by our lips
like a kiss which falls
from our invincible heights
to show the fire and the tenderness
of a true love.

-

I do not love you as if you were salt-rose, or topaz, or the arrow of carnations the fire shoots off. I love you as certain dark things are to be loved, in secret, between the shadow and the soul.

I love you as the plant that never blooms but carries in itself the light of hidden flowers; thanks to your love a certain solid fragrance, risen from the earth, lives darkly in my body.

I love you without knowing how, or when, or from where. I love you straightforwardly, without complexities or pride; so I love you because I know no other way than this: Where “I” does not exist, nor “You”, so close that your hand on my chest is my hand, so close that your eyes close as I fall asleep.