domingo, 27 de julho de 2014

O caiçara, a carta e a caixa.

Eu poderia começar essa história com um belo "Era uma vez", mas não, prefiro começar com minha expressão preferida, "DEU RUIM". 
Sim, primeiro porque esta expressão define absolutamente o discorrer desta história e porque o vilão deste conto odiava a mesma. 

...


Eu já estava ciente de que isso seria uma cilada. Mas o que foi? Eu estava acostumada com ciladas, caras cafajestes que sempre iniciaram um papo comigo afim de um ponto final na cama. 
...
Mas o cafajeste em questão, o caiçara, tinha uma estratégia nova e desconhecida por algumas mulheres como eu. 
Ele começou falando sobre música, me encantou quando disse que amava Mallu Magalhães. Gente, que homem hétero confessa a uma mulher que está flertando que ama Mallu?? Citou O Teatro Mágico, Lenine e todo o acervo de músicas que eu costumava ouvir no trajeto casa-metrô-banco, banco-metrô-casa. Dias de conversa e então ele me questionou se eu gostava de chocolates e eu disse quem sim, questionou também se eu gostava de flores, (na verdade, eu odeio flores) e eu disse que sim. Mas estava tão dopada por meu remédio de dormir que tomo e dez minutos depois puft, morri que nem me liguei que este era um segundo passo para o caiçara metido a Don Juan. Dormi.
-Próximo.
- Oi, tudo bem?
-Ãn? O que você está fazendo aqui? (riso de canto de boca)
-Eu vim trazer um presentinho pra você.
Tira da bolsa que me fez confirmar mesmo que ele tinha um estilo caiçara uma flor e um  chocolate.
Ponto para o caiçara. Ele me ganhou.
Passei o dia atendendo clientes e fazendo empréstimos olhando para aquela flor e pensando "Agora vai!"
Tadinha, não sabia o que estava por vir. 
E então acreditávamos que daria certo. Comecei a me apaixonar e fazer burrada, dediquei minhas melhores músicas a ele e achava que as coisas eram tão mais lindas quando ele estava. Ele raramente esteve. Assistimos um jogo do Brasil juntos e foi cômico, eu não sabia agir diante toda a família dele, parecia que eu estava em piloto automático. Atividade concluída.
O caiçara sabia como brincar naquele jogo, eu já estava com todas as jogadas entregues, seria fácil ele concluir. 
-Tenho outro presente para você.
-Outro?
-Aham, só lê depois que eu estiver saído. 
-Tá. Eu também tenho um, toma.
Era um dvd do Lenine, um dos meus cantores preferidos. Mas vale ressaltar que não gastei um tostão do meu bolso nele, menos um ponto para mim. 
Quando abri minha bolsa para ver o que o caiçara tinha deixado lá vi um papel, era uma carta.
MEU DEUS, QUE COISA MAIS LINDA, QUEM MANDA CARTAS NOS DIAS DE HOJE?- pensei.
Na carta ele me chamava de ladra de sorrisos, ai que lindo. 
Eu estava tão na dele. Tão na dele que guardei a carta em uma caixa que só guardo coisas importantíssimas.

Uma semana após a carta e uma sequência assustadora de declarações, chegou o momento "temido".
-Eu não quero mais você.
-Como assim? Aconteceu alguma coisa?
-Não, eu só não quero mais você, estou conversando com outra pessoa.
-Tá, boa sorte.
-Tá.

Lá estava eu, na estação de metrô, com lágrimas nos olhos, o coração partido e com uma carta maldita guardada na minha caixa de coisas importantíssimas. 
Não deu certo com o caiçara. Ele foi só mais um, que deu ruim

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Você vai lembrar.

E você disse que sabia o que estava fazendo conosco. Acreditei em suas palavras, entreguei meus segredos, a chave da casa e meu coração. Seria perfeito se fosse da forma que eu sonhava. Mas esse sonho precisava de duas pessoas sonhando, mãos dadas, corpos colados e corações com a mesma batida. O que você fez conosco? 
Nada. 
Como quem enjoa de um doce, você enjoou, empurrou o prato e disse "não quero mais!". 
Foi embora, bateu a porta. Me deixou ali, no chão. 
Não foi diferente. 
Mas eu pensei que você era diferente. 
Ledo engano. 
Não espero -nem quero- seu regresso. Você não sabe bem o que quer, se é que você quer algo. 
Entregue teus melhores beijos, teus abraços a alguém que como você não saiba bem o que quer, ou a alguém que seja acostumado a lidar com relações mornas. 
Você vai lembrar de mim. 
Não hoje. Não amanhã.
Um dia. 
Você vai lembrar de mim e questionar porque me deixou ali e decidiu partir.