sábado, 26 de junho de 2010

Lânguida face.

Estávamos no hospital. Tu deitado naquela cama, fraco, debilitado a poucos minutos de deixar-me para sempre. Eu estava convicta de que tu irias morrer. Que nós nunca mais seríamos um casal, que nunca mais sairiamos juntos a caminhar altas horas da noite. Por mais que eu soubesse de tudo isso parte de mim sofria calada e não queria deixa-lo ir de maneira alguma. Parte de mim lembrava de cada sorriso e de cada jura de amor feita num parque de grama verde, lembrava do "amar-te-ei eternamente" que me falavas todos os dias e eu jamais consegui dizer-te o mesmo. Recordei-me também do momento em que tu chegou molhado e deu-me um abraço quente e mais uma vez repetiu tua jura de amor,e eu só consegui dezer-te "saia já daqui!", recordo teus sorrisos compreensivos , teus abraços apertados, tuas palavras amigas e teus beijos quentes que com tanta frigidez eu evitava, mas que no fundo me dava um imenso prazer só que para não parecer tão sensível eu evitava retribui-los. Agora, é tarde demais estou aqui sentada em tua lápide segurando uma rosa que era tua preferida, usando o perfume que tu mais gostava e chorando por ti, o homem que mais amei e jamais disse "te amo" olhando nos olhos.
















[Patrícia Vidão]

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