segunda-feira, 28 de junho de 2010

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Era de madrugada, levantei-me sorrateiramente e fui até a janela.La fora chovia muito, mas mesmo assim quis me arriscar e abri a janela. Nesse momento a chuva que antes estava lá fora, invadiu meu quarto como uma multidão enfurecida, molhou-me toda. Fazia um certo tempo que não me sentia tão liberta. Pode até parecer algo banal, abrir a janela, tomar um banho de chuva dentro do quarto. Mas muito pelo contrário, a liberdade estava junta a chuva. E a cada pingo d'agua que tocava meu corpo eu me desprendia de uma coisa que tinha como peso. E uma dessas coisas, era você. Você estava deitado na sala, provavelmente com TV ligada e dormindo com o sono de uma criança cansada não ouviria nada que acontecia no quarto. Haviamos brigado, e esta não era a primeira da semana nem do dia. Sentei-me na cama umida, ainda com a janela aberta, os ventos traziam os pingos de chuva. Acendi um cigarro e pus me a pensar. Pensar em mim, em você, em nós dois. De uma coisa minha mente estava convicta, por mais que eu gostasse de você ainda o tinha como um peso. E de qualquer maneira eu precisava tira-lo de mim. Já não aguentava mais fingir ser feliz ao seu lado,sorrir para todos como um casal feliz. Sendo que dentro de nossa casa mal nos falavamos, e quando falavamos era uma briga que surgia.Não dava. Ainda sentada na cama com o cigarro aceso ouvia o barulho da TV fui até o bar do quarto e peguei um pouco do whisky, era o seu favorito, e fui até a janela novamente. A chuva estava dimunuindo talvez cansara de lavar com tanta furia minh'alma. Comecei a olhar para a lua. Não era a mais bela que já tinha visto. Mas era a que mais retratava o estado do meu coração naquele momento. Foi então que decidi, você teria que morrer. Você não servia de nada para mim, não me amava, não me dava o amor que uma mulher necessitava. Estava decido. Então fui até ao guardarroupa, peguei o vestido de noiva que usei em nosso casamento falso e vesti. Quebrei a garrafa de whisky e peguei parte dela. Caminhei até a sala, avistei você dormindo num sono profundo. Me aproximei de você, toquei seus lábios com os dedos e naquele momento um filme passou pela minha cabeça um flash backde tudo que havia passado naqueles anos ao seu lado. Foi então, que peguei o pedaço da garrafa que estava em minha mão e cravei-o em seu coração.

[Patrícia Vidão]

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