quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desculpas não adoçam meu café*





-Café? -Sim, dois.
-Açúcar ou adoçante?


Ele estava estonteante. O frio geralmente o deixava mais pálido e aqueles olhos -os meus olhos-, ficavam com uma cor diferente, que eu amava. Brasília nunca tivera um frio tão severo, a cidade estava completamente branca e seca. Assim como meu coração. Eu o deixava falar, não interrompi nem por um segundo, eu queria que ele falasse, queria ver o movimento dos seus lábios, queria ver como ele tocava os sachês de qualquer coisa que estava sob a mesa, como ficava irritado quando sentia que eu o olhava nos olhos fixamente... Eu apenas queria observa-lo. Ele pediu que me pronunciasse por duas vezes, mas ele me conhecia bem e sabia que nenhuma palavra sairía dos meus lábios enquanto ele não finalizasse seu miserável discurso. Discurso esse, carregado de erros, literalmente. O rapaz de olhos diferentes e pele pálida tinha consciência de que nada que ele falasse iria mudar minha decisão, mas humano que era decidiu tentar. Tentativa falha. Então ele decidiu dar sua última carta,
-Desculpa?!
-Desculpas não adoçam meu café.














*"Desculpas não adoçam meu café", é uma frase de uma grande amiga Thaís de Castro.

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